Paulo Franke

30 abril, 2013

8. AMSTERDAM - visita ao Museu ANNE FRANK (2a parte)

No centro de turismo falaram-me que para conseguir  entrar no Museu Anne Frank deveríamos chegar muito cedo ou então deixar para mais tarde no dia. Acreditei e exagerei... abria às 09.00 e  às 07:30 eu estava lá, depois de caminhar muitos quarteirões do hotel pelas ruas ainda vazias, com uma ou outra pessoa dirigindo-se ao trabalho de bicicleta.  Novamente, o problema maior foi o frio, bem diferente do dia de verão, em 1973, quando a temperatura  atípica na Holanda estava a 38 graus positivos e fiquei horas à beira do canal esperando o museu abrir, enquanto escrevia meu diário de viagem (veja link).


paulo פאולו פרנק franke





Um postal noir da área com o "Anexo Secreto" pintado em azul e amarelo. (www.annefrank.org)


Tipo meia hora antes de adentrarmos o museu (enfim!), alguém oferece o livreto, conforme a língua do visitante, às pessoas na fila. Assim, aqueles que pouco conhecem a história de Anne Frank e seu diário têm tempo de inteirar-se antes de ingressarem no museu.



No folheto explicação sobre os caminhos a seguir no museu, que dispensa guias.


Os judeus que se esconderam...


... protegidos por pessoas que trabalhavam no prédio.


Após muitas salas do novo e agora moderno museu, chega finalmente a escada que conduz ao local onde as pessoas se esconderam, com uma estante escondendo a porta. Parei um pouco para examinar os arquivos originais da firma na estante.


Quando visitei o museu em 1973 podia-se tirar fotos (ver link), proibido atualmente, e os aposentos eram vistos com a luz do  dia. Agora estão na penumbra, com luzes ou pequenos holofotes focando algo interessante. Em um sentido traz ao visitante a realidade de tantos blackouts pelos quais passaram os que lá viveram, por mais de três anos, até serem delatados. 


No seu diário Anne conta da alegria de ter seus recortes de artistas etc. decorando seu quarto.


O famoso diário de Anne, encontrado entre a confusão de como ficou o local quando vieram prendê-los. Miep guardou-o até o fim da guerra, quando entregou para o único sobrevivente do grupo, Otto Frank, o pai que presenteara a Anneli o seu "grande companheiro".

Otto Frank no Anexo em 3 de maio de 1960, postal que comemorou os 50 anos da Casa Anne Frank, em maio de 2010.


De repente em um canto, a estatueta do Oscar atraiu-me a curiosidade (só havia visto um "Oscar" na Disneyland, ganho por Walter Disney).


E no poster a história. Na primavera de 1958, Otto Frank visitou o set do filme "O Diário de Anne Frank" em Hollywood. Em sua autobiografia, a atriz judia Shelley Winters (Sra.Van Daan, à direita na foto abaixo) mencionou a promessa que fez ao pai de Anne na ocasião: "Mr. Frank, se eu ganhar o Oscar pelo meu desempenho no filme, eu doarei a estatueta ao Museu Anne Frank em Amsterdam." E ganhou, e doou - grande e honrosa atitude!


Cenas do filme citado...


... que teve Millie Perkins, escolhida entre centenas de jovens, no papel de Anne Frank.


Os fundos da firma e do Anexo Secreto.



 Fui naturalmente um dos primeiros da fila a adentrar o museu... Então vi dezenas de japoneses e logo outras pessoas chegando apressadas. Quando terminei a visita, fotografei a fila que dobrava o quarteirão. Imaginem a multidão no verão!



 A vizinha igreja de Westerkerk...


... cujo badalar do sino, Anne cita no seu diário.


Ao lado da igreja, a estátua da menina Anne Frank, vítima do nazismo.

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Anne, cujo sonho seria tornar-se jornalista e escrever muitos livros, não imaginaria o sucesso estrondoso que seu Diário tem obtido através das décadas, traduzido para dezenas de idiomas. 
Tem sido dito: 
"A pena de Anne Frank foi mais poderosa do que a espada de Hitler"
Anneli teria gostado de saber que a princesa Laurentien da Holanda foi presentada por uma salvacionista com o trofeu "Major Alida Bosshardt" (a salvacionista que escondeu judeus mencionada na postagem anterior). A princesa tem sido incansável no seu trabalho como líder da fundação que combate a falta de interesse pela leitura, a boa literatura.

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LEIA 
"O DIÁRIO DE ANNE FRANK", 
À VENDA NAS PRINCIPAIS LIVRARIAS DO BRASIL.
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L i n k s

Minha visita ao Museu em 1973 - a casa onde nasceu Anne em Frankfurt 

http://paulofranke.blogspot.fi/2006/09/o-museu-anne-frank-em-amsterdam.html

Os últimos meses e dias de Anne Frank - artigo em espanhol da revista LIFE

http://paulofranke.blogspot.fi/2009/01/os-ltimos-meses-de-anne-frank.html

Minha visita ao campo de concentração de Bergen-Belsen, onde morreram Margot e Anne - veja a sepultura simbólica das irmãs

http://www.paulofranke.blogspot.fi/2013/03/anne-frank-o-dia-em-que-visitei-bergen.html


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Próxima e última postagem da viagem:

Copenhagen - estátua de Hans Christian Andersen.

Estocolmo - Museu do Premio Nobel - a sepultura de Greta Garbo.

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7. AMSTERDAM - "Hotel do Trem" - Rembrandt (1a parte)

     Tanto para ver em Amsterdam que vou dividir a minha estada na capital holandesa em duas partes.  A primeira vez em que lá estive foi no verão de 1973, antes de me casar, a segunda vez na segunda InterRail, em 2008, permanecendo mais tempo na cidade próxima de Haarlem (Museu Corrie ten Boom), ver link.



Com as minhas botas quase precisando de conserto àquela altura do campeonato, saí a caminhar à procura de um hotel da rede BBB = bom, bonito e barato!!  Chegando na estação ferroviária, procurei o IBIS-hotel para, desapontado, constatar que o preço da diária era duas vezes mais caro do que os dos dois  hotéis da mesma rede onde me hospedei nesta viagem... No way!


E, olhem, encontrei perto da ferroviária um bem do meu estilo, ou pelo menos combinando com aqueles dias nos trilhos...o "Hotel do Trem"!


Já me senti "em casa" na entrada... baús antigos, como aqueles que usávamos para transportar nossos pertences nos primeiros anos como oficial do Exército de Salvação, nos anos 60!


E olhem a coincidência: sem o saber, estava sendo hospedado em um hotel cujo proprietário é filho de um soldado do Exército de Salvação (Leger des Heils em holandês). O pai, de 85 anos, vai todos os domingos ao Corpo a que pertence.


Outra coincidência: o dono gosta tanto de trens que montou no restaurante do hotel, onde se toma o café-da-manhã, um museu do trem.  Na verdade, tenho "museu de souvenirs", de aviõezinhos e coleções mil, mas não de trens  (talvez se eu fosse mineiro...).



Observem os detalhes, de se passar horas admirando todo o acervo ferroviário, em miniaturas, malas antigas, posters etc.


E este magnífico relógio que a cada hora faz o trenzinho apitar ao sair de um túnel e entrar em outro!   Passei ali horas agradáveis e relaxantes, com pena que exato naquele dia o proprietário não compareceu, mas enviou-me um e-mail tão logo soube que eu me hospedara no seu hotel e que gostara tanto!
Amigos viajantes: recomendo este hotel!



No dia seguinte foi a vez de rever Amsterdam. Apesar do frio desta primavera que também, penso eu, afetou o cultivo de tulipas, continuava a mesma terra dos canais, de rara beleza! 


O cisne branco parece aguentar bem o frio e não perde a elegância!


A escultura de um professor sem elegância ensinando seu aluno.


E a escultura de Anne Frank, bem perto do Museu que ela chamou de "Anexo Secreto" em seu diário, visitado naquela manhã mas que será o tema da segunda parte da postagem sobre Amsterdam, a próxima portanto.



Gostei do ônibus, mas não fiz o sightseeing; preferi caminhar.


Tive a nítida impressão de que estas antigas casas típicas holandesas estavam fora de esquadro...


A  mesinha do lado de fora de um café, com cadeiras de ladrilhos, pelo frio convidava somente a uma foto, jamais a sentar.



Da mesma forma, somente posar para uma foto na Lambreta com fotos de figurinhas de jogadores de futebol, do tipo que a gente colecionava no passado. A loja chama-se Copa e vende artigos esportivos.


Soube que há diversos restaurantes argentinos na cidade, o que não é de se estranhar já que hoje será coroado o rei casado com uma argentina! 


Três fortes motivos me fizeram entrar no restaurante: o frio "de renguear cusco", como dizem os gaúchos, a decoração tão parecida com a dos pagos distantes e... a fome, depois de tantos dias comendo 
junk food.


Enquanto espero a comida, fotografo a decoração. Este tipo de tapete de couro os gaúchos usam no chão, enquanto os argentinos parece que usam no teto (brincadeira somente!) 


 Outro canto bem  estilo gaúcho ou "gáucho".


Rodas de carroça e janelas fizeram uma boa combinação.


Gostei das cadeiras de couro no estilo de cadeiras de artistas e diretores de Hollywood.


Demorou mas chegou a picanha argentina (ou de vaca holandesa?).   Que vengan los toros, mas que vengan en forma de bife!


No restaurante quase vazio naquela hora de início de tarde, uma boa conversa com um casal de turistas brasileiros, do Sergipe, gente boa com quem fiz amizade (nesta viagem fiz amistad com jovens casais, lembrando também o do Chile no trem para Veneza).



Este imponente edifício é um sofisticado shopping-center.


Entrei para comprovar o estilo diferente...


E me deparo com a pintura da rainha Beatrix como que acenando um adeus ao seu povo, uma vez que hoje - data desta postagem - transfere a coroa para o seu filho mais velho, Willem-Alexander.


                                        


                                        


O primeiro rei no trono holandês em um século, com a nova rainha e suas princesas.





A rainha Beatrix sempre foi amiga do Exército de Salvação (Leger des Heils) e principalmente da Major Alida Bosshardt, com quem visitou a Red Light acompanhando-a no trabalho que a salvacionista lá fazia ajudando prostitutas (veja a foto no link).

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No andar térreo do shopping, uma mostra de todas as pinturas de Rembrandt. 


... começando com os autos em diversas idades.


Muitas obras de arte para ver, inclusive desenhos.


Este é famoso.


O lugar é espaçoso para conter todas as réplicas das obras de arte do famoso pintor holandês.


As religiosas são as minhas preferidas, como esta do "Retorno do Filho Pródigo" (1661-1669), cujo original vi no Museu Ermitage, em São Petersburgo.


Jesus acalmando a tempestade no mar da Galiléia.


A ressurreição de Lázaro e a Crucificação.


Abraão impedido pelo anjo de sacrificar seu filho Isaque, também vista no Ermitage.



Diante da estação ferroviária, um largo painel que me fez lembrar que caravelas holandesas  alcançaram o nordeste do Brasil, sob o comando de Maurício de Nassau.



Ferroviária de Amsterdam. Mas não é hora de embarcar ainda - para Copenhagen - uma vez que...



... a próxima postagem vai girar em torno da visita ao Museu Anne Frank, um dos museus mais visitados da cidade, com longas filas de dobrar o quarteirão.

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Foi bom usar de humor nesta postagem, pois a visita ao "Anexo Secreto" é de muita seriedade e reflexão.

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L i n k s

Visita ao Museu Corrie ten Boom, que abrigava judeus e bem por isso foi para o campo de concentração com sua irmã:

http://paulofranke.blogspot.fi/2008/08/de-trem-pela-europa-9-haarlem-holanda.html

Coronel Alida Bosshardt, uma salvacionista holandesa que escondeu crianças judias durante a guerra e que levou sua amiga, a princesa Beatrix, para ver seu ministério na Red Light em Amsterdam, foto que repercutiu mundialmente.

http://paulofranke.blogspot.fi/2007/11/ela-escondeu-criancas-judias-durante.html

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