Paulo Franke

31 janeiro, 2008

O Dia Seguinte (poema-alerta)

( Para ser lido antes do dia seguinte...)

A manhã calma, silenciosa e ensolarada era atípica da cidade de São Paulo. Era quarta-feira de cinzas. Parecia que um milagre ocorrera e a agitacão, os sons trepidantes e a orgia dos dias anteriores haviam desaparecido instantaneamente com a chegada da manhã. Observava isso ao dirigir pelas ruas desertas rumo ao meu escritório, e assim que lá cheguei "nasceu" o primeiro dos dois únicos poemas que escrevi:

Após a explosão do carnaval, os coracões
acinzentados,
mutilados,
esgotados,
maculados,
jazem exaustos por todos os lados.

Mas o dia normalmente feio, poluído e escuro
amanhece estranhamente belo, brilhante e puro.
Nos jornais, as notícias bombásticas contam
dos contaminados,
dos desesperados,
dos mutilados,
dos encarcerados,
dos assassinados,
na estatística tenebrosa do pecado.

Nos coracões há barulho, cansaco, escuridão e pranto;
no ar, silêncio, descanso, claridade e não mais canto.
É a natureza revelando a mensagem de Deus
Criador,
Todo-amor,
Sofredor,
Redentor,
que odeia o pecado, mas que ama o pecador.

Que cinzas voem do calendário e, reais,
pousem em teu coracão,
como sinal de arrependimento, fé sincera e
recusa ao mal.
Erguer-te-ás renovado, conhecendo de Jesus
a paz e o perdão,
nesse dia glorioso e sem par em que afirmarás:
"Nunca mais carnaval!"
¤
"Tal homem se apascenta de cinza; o seu coracão enganado o iludiu"
(Isaías 44:20)

19 janeiro, 2008

No Agito do Egito


Não planejei visitar o Egito com muita antecedência, mas a TV ao mostrar paisagens ensolaradas do país tornou-se um convite a tirar minhas férias de inverno por lá, fugindo por uma semana da neve e do frio e unindo-me assim aos milhares de nórdicos que fazem isso nesta época do ano.
O título desta postagem é um trocadilho e a palavra agito, ainda que usada como gíria, segundo o dicionário é sinônimo de agitacão, o que em um sentido caracteriza bem esta minha primeira viagem à África e a uma nacão árabe (se bem que, segundo um guia de uma excursão que fiz, egípcios não são árabes, são... egípcios).



Sobrevoando a Turquia e suas montanhas com picos nevados



Deixando a Turquia e sobrevoando o Mar Mediterrâneo


A chegada ao Egito e a visão de desertos a perderem-se de vista

E assim, após 5 horas de vôo, chegamos ao nosso destino, Hurghada. Da janelinha do avião, a contemplacão da cidade, localizada em uma extensa faixa litorânea entre o imenso deserto e o Mar Vermelho, de um azul impressionante em suas diversas tonalidades que vão do azul profundo ao azul claríssimo. E modernos e imensos resort-hotéis, centenas deles, todos com piscina e grandes palmeiras, e muitos sendo construídos.

Meu hotel não poderia ser chamado de 5 estrelas, mas para mim era como se o fosse. Bastava sair do meu quarto e vislumbrar o Mar Vermelho para se pensar que só por essa visão já teria valido a pena a viagem...


Como na Turquia, a presenca de um brasileiro, evidenciada nas minhas camisetas, gerava, passada a dúvida, largos sorrisos e um rosário de nomes de jogadores conhecidos deles, cuja pronúncia eu mal conseguia entender de início. Da mesma forma como havia acontecido na Turquia, Israel e em alguns países do Mediterrâneo onde estive, dirigiam-se a mim falando naturalmente o idioma do país, nesse caso o árabe, a que eu respondia em inglês para algum espanto, julgando os homens que eu era um egípcio. Outros, pelos meus olhos verdes, percebiam que eu não era um típico native. Como tenho o meu próprio modo de fazer turismo, tomava para ir ao centro fervilhante de bazares lotacões comuns, e assim misturava-me ao povo, nesse caso como um perfeito egípcio (a não ser pela roupa). Interessante a ausência de mulheres nessas conducões ou em qualquer lugar, altamente reservadas e às vezes em sua indumentária mostrando só os olhos. Grande contraste com as mulheres modernas do Cairo, como se vê pelos canais de TV.


Entre os milhares de turistas em Hurghada, milhares de russos pelo fato de agora viagens lhes serem perfeitamente acessíveis financeiramente. Conversando com alguns "vizinhos", soube que atualmente até um professor primário com seu salário pode facilmente passar férias em outro país. Com meus botões, pensei em quando isso acontecerá também com a maioria dos brasileiros...



Tendo viajado com uma gripe mal-curada, piorei assim que nadei no mar. Então, praticamente fiquei no quarto do hotel por muitas horas durante três dias, tentando melhorar. A TV dos Emirados Árabes, direto de Dubai, era o único canal em inglês e assim assisti a diversos filmes americanos, um seguido do outro, até ao "O Homem-Aranha", para lembrar-me dos meus netinhos.

Então, tendo vindo de tão longe para ficar em um quarto de hotel, mudei de idéia quanto à suficiente beleza do mar logo ao sair da porta, dei um basta e planejei participar de três excursões em três dias seguidos, um verdadeiro agito ou uma experiência "à la Indiana Jones".


Na primeira delas, um jeep com quatro pessoas veio buscar-me no hotel e, em poucos minutos estávamos em pleno deserto, com altas montanhas e grandes extensões de areia, rumo a uma comunidade de beduínos.
Logo no início comecei a pensar se o passeio seria compatível com a minha idade... solavancos sucessivos, de bater com a cabeca na tolda do jeep e logo dar com tudo no banco. Os companheiros jovens divertiam-se, enquanto que eu... Mas o guia explicava-nos que o nosso motorista beduino tinha muita prática e estava conduzindo-nos no deserto sem estradas de uma forma segura e profissional (imaginem se não fosse!).



Em certo momento, descemos do veículo e nosso guia pediu-nos para olhar em direcão a um determinado ponto. Miragens!! Água ao longe e, agachando-nos, podiamos também "ver" a água mover-se!! E não era água do Mar Vermelho!

Mais algum trecho, com os agora conhecidos solavancos, e chegávamos à comunidade de beduínos onde passamos até o pôr-do-sol, ouvindo explicacões da vida que levam, seus costumes, tradicões, com um jantar servido por eles. Antes de retornarmos, vimos jovens beduínos cantarem e dancarem animadamente. Ah, quase me esqueco de mencionar os camelos... Muitos turistas que visitavam a comunidade fizeram fila para "andarem a camelo". Para mim bastaram os solavancos da viagem... uma foto com um deles era o suficiente.


Voltando do tour ao deserto, já escuro, paramos para contemplar o céu estrelado, como um planetário da natureza, espetacular! E ficou a lembranca do silencio profundo do deserto, dai muitos homens de Deus o procurarem para meditar e aproximar-se do Criador, longe das vozes e sons do mundo.


Um guia de excursão egípcio

Bem que eu precisava de um descanso no dia seguinte, mas era hora de partir para outra. Dessa vez, a cidade de Luxor, à beira do Rio Nilo. O mini-bus veio buscar-me no hotel às 04h00 da manhã e trouxe-me de volta às 23h00... E assim, por quatro horas, deserto a dentro, dirigimo-nos à histórica cidade, berco do Vale dos Reis, felizmente em uma boa rodovia asfaltada.

Dessa vez, a curiosidade foi ver, como mostra a foto abaixo, o comboio de 60 ônibus e mini-buses tendo nos extremos viaturas policiais. A razão nos foi explicada: desde 1997, quando um grupo de turistas alemães foi assaltado e assassinado, por lei ônibus conduzindo turistas têm de viajar dessa forma, para sua seguranca, em todo o país.

Faltando cerca de 30km para chegarmos a Luxor, a paisagem muda completamente. E logo víamos um pequeno afluente do rio Nilo e o grande milagre que faz acontecer: campos verdejantes, plantacões de todo o tipo, inclusive de cana-de-acúcar, e muitas fazendas entre árvores frondosas. É o milagre do Nilo.



Em Luxor, um dos nomes Tebas, hoje cidade altamente turística, visitamos museus e templos egípcios, ouvindo extensas explicacões sobre os faraós, suas vidas, seus feitos, suas crencas, sua importância , vendo suas múmias.. Ali ouvimos e vimos altas estátuas de Ramsés II e de sua esposa Nefertari, idem do famoso Tut-Ankh Amon. O museu mostrado abaixo é maior mesmo do que o museu do Cairo em seu acervo, não exposto à visitacão de uma só vez. É o maior museu ao ar livre do mundo. Em tudo, o desejo de imortalizar-se em granito. O Google dá ampla explicacão do Egito nos tempos dos faraós e suas sucessivas dinastias, e pode-se ler sobre as atracões de Luxor, para mim a maior e mais bela, o motivo principal desta minha excursão: o Rio Nilo.



Ao entramos no referido museu, dirigimo-nos a uma sala onde é projetado um filme explicativo tanto do museu quando de outros importantes locais da cidade, que para serem vistos necessitaríamos de talvez uma semana. O narrador do filme, Omar Shariff! Foi a minha vez de contar para os colegas de viagem, na hora do almoco, minha historieta - para dar uma pausa nas tantas histórias sérias e dramáticas que ouvíramos até então. Nomeado na cidade de Campos-RJ, em 1968, pela importância do filme fui ao cinema assistir ao "Dr. Jivago", interpretado pelo ator egípcio. À saída do cinema e nos dias seguintes muita gente me olhava, tipo associando-me ao ator, como se eu fosse seu irmão (quando jovem, naturalmente). Decidi, então, de brincadeira, acentuar aquela semelhanca deixando crescer meu bigode, que nunca mais raspei.



No centro da foto acima, vimos o antigo palácio de cor amarela, há muitas décadas transformado no luxuoso Hotel Winter. Nele hospedou-se Agatha Christie e ali escreveu sua famosa novela "A morte no Nilo", best-seller levado às telas e tendo o ator Peter Ustinov no papel do detetive belga Hercule Poirot. Nunca li o livro e nem sou achegado ao gênero, mas hoje assistiria ao filme novamente, para admirar as belezas do Nilo, onde luxuosos barcos fazem turismo de até três dias e três noites de duracão.

Do outro lado do rio, que atravessamos em um pequeno barco, visitamos o Habu Temple, colossal pelas suas gigantescas colunas e estátuas. Interessante foi ver as pinturas preservadas em suas cores naturais. Ouvimos também como eram produzidas as cores básicas usadas na época, que não se apagaram até os dias de hoje.





A volta se deu por uma ponte, onde paramos para fotografar o pôr-do-sol sobre o Nilo. Uma última atracão nos esperava no caminho de volta a Hurghada, a visita a uma fábrica de objetos de alabastro. Ali vimos a matéria-prima sendo processada de modo primitivo, sempre com as mãos e pequenos e rudes instrumentos, até transformar-se em lindos objetos de decoracão. Os mais bonitos, talvez por lembrarem a passagem bíblica da mulher quebrando um vaso de alabastro com perfume aos pés de Jesus, eram exatamente os vasos. Curiosamente, se colocados através da luz pode-se vê-los quase transparentes. Como minha grana não era suficiente para comprar de presente um vaso para a Anneli, comprei um pequeno prato de alabastro, mais um enfeite para a nossa sala-museu!



O terceiro dia de turnê, o penúltimo de estada no ensolarado Egito - nesta época o inverno deles, com clima tipicamente de deserto, isto é, manhãs e noites frias e tardes quentes - dediquei a um cruzeiro pelo Mar Vermelho. Constatada agora de perto as tonalidades incríveis do mar, soube que o estranho nome Vermelho lhe foi dado por ser o único lugar do mundo onde crescem algas vermelhas (foto).



Já me sentindo um pouco abatido e febril pelo sol excessivo a que me expusera naqueles últimos dias (e não tomando água suficiente...), fui só espectador do mar e da movimentacão dos meus companheiros de cruzeiro, muitas famílias também, que tinham como principal atracão do passeio o praticar snorkel (foto), da superfície olhar o fundo do mar com equipamento especial, naquele local com 6m de profundidade, com direito a uma câmera fotográfica à prova d´água. Muitos também mergulharam uma vez que Hurghada é chamada de o paraíso dos mergulhadores (e pescadores). Enquanto isso, tirei longas siestas ao sabor das suaves ondas do mar. E ali eu pensava no meu genro Rodrigo, que gosta desse tipo de esporte aquático, tendo-o praticado em suas últimas férias no Rio de Janeiro.






Um jovem que trabalha no navio, com sua pele escuro-avermelhada pelo sol egípcio, no verão implacável.


No dia seguinte, após o café-da-manhã no hotel (desta vez incluído!), fomos transportados ao aeroporto para mais 5 horas de viagem de retorno à Finlândia. E no avião da Finnair, com todos os seus assentos ocupados, muitos finlandeses vermelhos pelo sol que, assim como eu, foram buscar.

Valeu a experiência, ainda que nos meus planos inciais estivesse incluído viajar até o deserto do Sinai, infelizmente um tanto distante, o que não pôde acontecer. Agradeco a Deus por mais esta oportunidade de visitar, em um sentido, terras bíblicas, o que me dá muita satisfacão interior.

Muitos vão buscar "energia" na terra dos faraós. No meu caso aconteceu uma perda de energia física e o resultado tem sido quatro dias de licenca médica... Mas sobrevivi ao agito no Egito, e isso é o principal.

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Nota: Na década de 50 fez sucesso o filme "O Egípcio", com Edmund Purdom e Gene Tierney nos papéis principais e baseado no romance do finlandês, Mikka Valtari, que surpreendentemente escreveu sobre o tema sem nunca ter estado no Egito. Acesse o link abaixo, enviado por minha irmã, e lerá mais sobre o filme. A meu ver faltou comentarem sobre sua queda moral, que o forcou a trabalhar na casa dos mortos, e o tocante momento quando traz os corpos de seus pais para serem ali embalsamados.


http://www.nostalgiabr.com/epicos/oegypcio/oegypcio.htm


05 janeiro, 2008

Visitando a+1 país... (VIAJANDO BARATO!)



Às vésperas de mais uma viagem, deduzo que estou me tornando finlandês após o meu nono inverno neste país... Nos primeiros anos, estranhamente, temperaturas negativas, a neve e o gelo, e principalmente a ausência de sol a pino (ele aparece, quando aparece, lá bem longe, na linha do horizonte nos meses de dezembro e janeiro) e as longas horas de escuridão não me afetavam negativamente. Hoje em dia, igual à maioria dos finlandeses, anseio por ver o astro-rei, daí nada como viajar para um país ensolarado durante as minhas férias de inverno em janeiro, exatamente o que estou fazendo daqui a dois dias.

Curto viagens, antes, durante e depois, vibracão total! E vivendo no norte da Europa elas são muito acessíveis, dependendo do hotel que se escolha na agência de viagens. É comum ouvir-se faxineiras conversando se este ano irão passar suas férias em Roma ou Atenas, por exemplo. Eu mesmo, na década de 90, quando aqui moramos pela primeira vez, para não "mexer" no orcamento familiar, fiz faxina em uma firma por três meses, somente duas horas por dia, e logo estava viajando para o Brasil em um grande Jumbo, pensando com os meus botões quando isso aconteceria na nossa terra!...

Desta vez estou escolhendo, como das outras vezes, um hotel dos mais baratos - invariavelmente com piscina - que serve café da manhã. Os das duas viagens anteriores, à Turquia, não serviam, mas em compensacão eram apart-hotéis com cozinha. Mais caros? De forma alguma, minha escolha ou possibilidade não variam, são sempre os mais baratos. Era muito fácil, bastando comprar miojo, salsichas, pão e leite nos supermercados pequenos perto dos hotéis, ou no próprio hotel, e fazer o banquete de minha comida japonesa preferida, como um rei na sacada olhando as altas montanhas ao longe.

Como típico turista pobre, o jeito será comer o máximo possível no café da manhã e depois, bem mais tarde, evitando restaurantes geralmente caros, comer um lanchinho típico qualquer, sempre com saudade dos pastéis de feira de São Paulo, gostosíssimos e que valem por uma refeicão! Pastelarias... que falta nos fazem no exterior!

Quando vejo principalmente americanos viajando com enormes malas bloqueando corredores de trens, considero-me um privilegiado por ter aprendido a arte de levar o mínimo de bagagem quando viajo. Para mim - e pelas minhas circunstâncias... - viajar significa aventura, misturar-se com o povo local, conhecer sua cultura e estar pronto para enfrentar o que der e vier, evitando os passeios planejados pela própria agência de viagens, geralmente caros e sofisticados, quando todos vão em grupo ao mesmo lugar, de preferência evitando os natives.

Não levo cartão de crédito quando viajo e tampouco guardo o meu dinheiro no cofre do hotel (cobram uma barbaridade, como dizemos nós os gaúchos!). Quando vou nadar, coloco as cédulas, não muitas, em um plástico sem nenhum furo e guardo-o no bolso de meu calcão de banho, método que falhou só uma vez quando tive de pôr as notas para secar na volta ao quarto do hotel. Felizmente, em hoteis onde tenho sido hospedado ultimamente, há cofres no próprio quarto.

Pertencendo ao Exército de Salvacão, organizacão mundial que também ajuda aos pobres, ganhamos pouco, e não raro meus hotéis são casas de colegas em outro país ou mesmo ser hóspede em alguma entidade social para recuperacão de alcoólatras, o que aconteceu em Paris e em Berlim há alguns anos. E como foi bom sentar-me à mesa com pessoas sofridas mas simpáticas e comermos juntos o pão no café da manhã incluído na hospedagem! Foi também a oportunidade de tirar o meu francês de ginásio do fundo do baú ou arranhar as minhas poucas frases em alemão que qualquer gaúcho fala.

Minha piada continua fazendo sucesso: - Tenho desconto de 50% em passagens, hotéis, restaurantes, passeios etc. Quando meu ouvinte me olha admirado e com uma ponta de inveja por ser tão privilegiado, acrescento: É porque minha esposa não gosta de fazer turismo, portanto sempre vou só, pagando assim metade do preco em tudo (risos, enfim!).

Então, estou revelando aos caros leitores do meu blog o meu segredo de viajar tanto, principalmente nesta fase de minha vida: simplicidade, aventura, "cara e coragem" e olhos bem abertos para admirar os monumentos e ruínas dos homens e as obras da criacão de Deus à la Francisco de Assis, com Ele sempre ao meu lado. Minha oracão é que me dê ainda muitas oportunidades de viajar nos anos que me restam. Amém!
************

Quando era redator de um jornal do Exército de Salvacão em São Paulo, publiquei um poema, oportuno para este momento antes de mais uma viagem, a qual postarei, se Deus quiser, com impressões e fotos neste blog ao retornar.
*
Captando a mensagem
**
O avião atravessou as nuvens à sua frente;
A chuva fria, o vento e a geada
São passados, finalmente.
**
No céu azul o sol envia,
Através da janelinha, de sua luz um facho;
E as pessoas todas estão tremendo de frio
Nas ruas congeladas, lá embaixo.
**
Enquanto eu, de pés molhados, miserável,
Estava andando sobre o lodo,
Você quer dizer que o sol lá em cima
Estava brilhando o tempo todo?
**
Ah! agora percebo a mensagem
E compreendo o Teu sinal:
Não importa quão ruim o mundo se torne,
O bem há de vencer o mal.
**
E quando nuvens espessas
Parecerem querer nos separar,
Vem com Teu calor e Tua luz
A escuridão atravessar.

General John Gowans - Londres
- traducão minha -





04 janeiro, 2008

O velho relógio de nossa casa






Lembro-me do nosso antigo relógio de parede, fabricado por Ansonia Clock Co. NY, na foto acima. Meus avós paternos o adquiriram ou o receberam de presente de casamento e, muitos e muitos anos mais tarde, com a morte de meu avô, veio para a nossa casa.

Todos os membros da família olharam-no diariamente por diversas vezes: ao irmos à escola ou ao trabalho, à igreja ou a algum passeio, em meio às atividades rotineiras ou às especiais, nas horas alegres e nas horas tristes. Seu badalar e o seu tique-taque, no entanto, nem sempre eram percebidos em meio aos ruídos do dia-a-dia de uma família grande e barulhenta.

Nosso velho relógio, indispensável em outros tempos, é hoje uma relíquia familiar a mais. Um dia todos os relógios do mundo, do Big Ben ao Rolex e aos de marca inferiores, não terão mais propósito ou utilidade. Indispensáveis nesta vida, serão perfeitamente dispensáveis na vida eterna. Anos, meses, semanas, dias, horas, minutos ou segundos serão lembranças terrenas, ultrapassadas.

Recordo-me de certa ocasião quando, à mesa, meu pai filosofou: "Um dia o nosso lar não mais existirá como hoje o temos: tudo pertencerá ao passado." Minha mãe tentou esconder as lágrimas retirando-se da mesa, meus irmãos ficaram em silêncio e eu tentei entender o significado de suas palavras que soavam naquele tempo tão remotas. O velho relógio - na parede da nossa bela sala de jantar em estilo colonial germânico - deu as suas voltas quilométricas e o que meu pai falara cumpriu-se no vai-vem das gerações: o nosso primeiro lar desapareceu, sendo multiplicado por cinco outros, os de meus quatro irmãos e o meu.

Muitos famílias pouco ou nenhum valor dão ao momento presente, à volta da mesa, às conversas sérias, aos bate-papos sem profundidade, às brincadeiras ou mesmo às briguinhas que logo são esquecidas. Esses momentos passarão inevitavelmente, daí a importância de vivê-los intensamente, porque o relógio da vida não para. Viver intensamente, no caso, significa amar-se, valorizar-se, respeitar-se e alegrar-se mutuamente. Então, quando o tempo desfizer o nosso primeiro lar nenhum sentimento de débito ou omissão pairará com relacão aos nossos queridos, somente o de gratidão pela lembrança dos velhos e bons tempos em casa!

Console-nos, portanto, a certeza de que na eternidade não haverá palavras tais como ontem, hoje ou amanhã, mas somente a palavra sempre.
.

"Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio" (Salmo 90:12).

(Uma das meditações de meu livro "Edificação Diária")


Gosto de Londres. Na foto de 1992, diante das Casas do Parlamento e do Big Ben.
Em tempo...
- Anneli e eu gostamos de relógios como decoração, e há pouco tempo contamos 14 relógios em nossa casa, dos mais variados estilos!! Nossa netinha mais velha um dia dormiu em nossa casa e a certa altura, não podendo conciliar o sono, perguntamos a razão, ao que nos respondeu que era pelos variados e descompassados tique-taques dos nossos relógios. Diante disso, paramos de dar corda em alguns ou retiramos as pilhas de outros. Brinquei com ela mais tarde que agora a nossa casa não era mais igual à do Pinochio! Foi um momento familiar gostoso com nossa querida netinha mais velha, que gosta muito de visitar a casa dos avós, não podendo vir mais vezes pelo fato de morar no norte da Finlândia, indo com seus pais muito em breve viver na Suécia.
- Tendo recebido um interessante cartão, Anneli adaptou seus dizeres a Gálatas 5:22-23, e o resultado é este:
O fruto
do Espírito é:
12 meses de amor,
52 semanas de alegria,
365 dias de paz e paciência,
8.760 horas de bondade e retidão,
525.600 minutos de fidelidade e mansidão,
31.536.000 segundos de domínio próprio.
+++++++++++

E são estes, portanto, os votos de um feliz Ano Novo aos leitores do meu blog!